Testemunho


Chamo-me Thanize Costa Borges, sou natural de Itaberaba, interior da Bahia, mas moro atualmente em Vitória da Conquista, cidade situada no Sudoeste baiano. Tenho 24 anos e sou formada em jornalismo. Antes de contar o meu testemunho quero aqui me resumir: Sou um vaso nas mãos do oleiro.

Conheci os caminhos do Senhor em um momento difícil e conturbado da minha vida, quando minha mãe enfrentava um câncer, o qual ela lutou bravamente por quase três anos. Estava no meio da minha adolescência e não entendia o porquê de estar passando por tudo aquilo. 

Desde pequena não sei se por ser a filha caçula e ainda de pais separados, era muito apegada a minha mãe. Há tinha como referencial, como melhor amiga, como mãe, pai, resumidamente ela era o Centro da minha vida. Sempre deixei tudo para estar ao seu lado, gostava de me sentir a sua eterna neném. 

Quando descobrimos a doença era como se tudo tivesse acabado para mim.  Sabíamos da gravidade, pois o tumor se encontrava na base do crânio, afetando órgãos vitais como fala, cordas vocais, visão, coordenação motora, etc. Eu pensava comigo: “Deus, se o Senhor levar a minha mãe, pode colocar o meu caixão ao seu lado, pois não irei suportar”. E realmente eu não teria suportado se o Senhor não tivesse me pegado no colo.

Em meio a tudo aquilo eu tive que esquecer minha adolescência e assumir as rédeas da situação, afinal ela precisava de mim. Confesso que foram os anos mais dolorosos da minha vida. Aos 16 anos de idade passei a ser mãe da minha mãe. Aprendi a conversar com os médicos, a fazer sua comida, a lhe dar banho, além de ter que começar a dar aulas particulares de reforço escolar para ajudar com as despesas de casa. Pois, com a doença os gastos com farmácia e hospitais eram gigantescos e só o meu padrasto estava trabalhando.

Foi então que no meio daquela tempestade eu ouvi falar do Evangelho do Reino. Na verdade já conhecia a palavra, pois quando criança uma vizinha crente me levava juntamente com minha irmã mais velha para os cultos em sua igreja. Nesta época me lembro de que cheguei até a participar do grupo de dança da congregação.

Os anos passaram, mudamos da rua e ir para a igreja ficou complicado. Como a maior parte da minha família é católica, e a influência dentro de casa era intensa, eu e minha irmã acabamos retornando ás missas, e até chegamos a servir dentro da igreja católica, como catequistas de crianças.

Mas um dia, quando estava participando de uma célula que se intitulava “sem placas de denominação”, chegou um grupo de discípulos que nos apresentou o Evangelho do Reino. Achei tudo um tanto esquisito, era muito preço a pagar, muita renúncia a fazer, muita morte do Eu. Mas estava curiosa, pois talvez se eu servisse a esse Jesus que eles estavam pregando, Ele poderia curar a minha mãe e eu seria feliz para sempre. Por ela valia qualquer coisa. Então, não perdi muito tempo, tratei logo de fazer uma barganha com Deus, mesmo que inconsciente, pois eu estava disposta a morrer pra mim mesma para que Ele curasse a minha mãe.

Graças a Deus que o mais importante não é como começamos, mas como vamos terminar a nossa caminhada com o Senhor. Comecei errado sim, e paguei um preço muito alto por isso.

Mas tenho um pai misericordioso que não desistiu, ou melhor, que não desiste de mim e que tem dia após dia me levado a prosseguir por meio da sua verdade, me ensinando a segui-lo não por aquilo que Suas mãos tenham pra me dar, mas por quem Ele é: o grande Eu Sou.

E o meu Isaque foi levado ao lugar do sacrifício. Depois de quase quinze dias na UTI, com uma infecção pulmonar generalizada, consequência do tumor, o Senhor a levou. Mas antes disso, Ele ouviu uma oração incomum. Pode não ter sido igual à de Abraão, mas foi uma oração de entrega. Era uma tarde de sexta-feira quando fui visitá-la, e ali senti algo diferente em meu coração. A bíblia estava em cima de uma mesinha que havia perto da maca. Mesmo sem ter um conhecimento bíblico muito grande naquele tempo, ainda recém-convertida, quando abri a palavra caiu em um versículo que dizia: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice, mas que seja feito a tua vontade e não a minha” (Lucas 22:42).

Na época, ainda não era batizada no Espírito Santo, mas acredito que Ele já esta no controle da situação, pois entre lágrimas, nem sei como consegui balbuciar aquele oração, deixei a minha oferta no altar. Entendi que não seria feito mais a minha vontade, mas a Dele. No outro dia pela manhã, ela foi ao Seu encontro.

O dia 7 de setembro de 2007 ficará marcado em minha vida, como o dia em que subi a montanha de um futuro incerto, da saudade, do meu egoísmo, da dor, para entregar o meu sacrifício no altar do Senhor. E a partir dali minha vida girou 360º graus. 

Voltando um pouco na história, antes de mainha morrer eu havia passado no vestibular para jornalismo em uma Universidade Pública do Estado, só que o campus era em outra cidade e eu teria que me mudar. Antes dela partir,  já havia decidido que não iria embora. Estava disposta a jogar pra cima qualquer futuro profissional que me fizesse ficar longe da minha amada mãe. 

Mas os caminhos do Senhor são infinitamente maiores do que os nossos, sua vontade é boa, perfeita e agradável. 20 dias após sua morte eu estava com as malas prontas para ir para uma cidade em que não conhecia ninguém. Hoje entendo que aquela decisão de vir morar em Vitória da Conquista não veio de mim. A princípio via apenas como uma fuga do lugar das lembranças, mas o pai já sabia de tudo, Ele estava controlando os meus caminhos, pois era como se Ele me falasse naquele momento: “Sai de tua Terra, de tua parentela e da casa de teu pai, para a Terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma benção” (Gênesis 12: 1-2).

Hoje sei que a decisão que tomei mudou os rumos de minha história. Confesso que não foi fácil, por inúmeros momentos achava que não aguentaria, mas a cada dia o Pai me dava à porção necessária para aguentar e prosseguir.

Longe de casa era apenas eu e o Senhor. Ouvi-lo, ficou assim mais fácil. Esses cinco anos que se passaram foram uma escola. Posso comparar a um quartel general, onde o soldado é tratado quando é ferido na guerra, para voltar para a batalha e vencê-la. Eu estava ferida, confusa e sem perspectivas nenhuma de futuro, mas o meu Comandante acreditava em mim e queria me tratar.

Nenhum processo de cura é fácil, e o meu não seria diferente. Foi preciso começar de novo, afinal o início de minha caminhada não havia sido verdadeiro, pois como falei anteriormente comecei com uma barganha, e isto precisava ser concertado.

Até então o centro de minha vida havia sido minha mãe, e o Senhor tem ciúmes de nós. Eu precisava entender que Ele deveria ser o meu Tudo e que qualquer coisa que tirasse o lugar Dele em minha vida seria arrancado de mim. Dói, mas hoje eu entendo que é uma demonstração pura de amor.

Nesse meio tempo vi a investida do inimigo para que eu desviasse o meu olhar, me encantasse  com tudo aquilo que a bandeja do mundo estava me oferecendo: dinheiro, fama, namoros, ficantes, regalias, permissividade. Quero aqui confessar que por algum tempo até me deixei ser seduzida por esta bandeja. Mas eu já havia sido marcada. E o Senhor não ia desistir de mim.

Foi então que tive um encontro genuíno com Jesus, com meu amado Jesus. Hoje eu não o conheço de ouvir falar, mas de com ele estar. Após esse encontro toda a minha história de conversão mudou. Os segundos em sua presença mudaram os rumos da minha vida. 

Aprendi o significado da cruz, a renunciar o meu Eu, a me entregar diariamente como sacrifício vivo, uma oferta com aroma suave em seu altar. Com Ele ao meu lado redescobri o amor.  Vi o Senhor restaurar esse nobre sentimento em meu coração que pensei que havia perdido quando minha mãe morreu. 

A primeira restauração de amor que o Senhor realizou foi como meu pai biológico. Antes tínhamos apenas uma relação formal. O enxergava tão-somente como um mantenedor. Sei que é duro dizer isso, mas eu não amava o meu pai. Mas Jesus fez brotar o amor, como fez surgir água da rocha para dar de beber aos Israelitas, quando estes seguiam em direção à terra prometida. Hoje posso gritar aos quatro quantos que o meu pai é o meu melhor amigo. Louvado seja o Senhor Jesus!

Ah, também comecei a sonhar os sonhos do Senhor. Logo quando entrei na faculdade só queria uma coisa: “Ser famosa, ser uma grande artista, gravar comercial, ser capa de revista”. Mas eu entrei em Sua presença, e não há quem chegue neste lugar e não seja transformado.

No dia da minha formatura fiz um ato profético ao Senhor, consagrando TUDO o que tenho e sou inteiramente ao seu serviço. Após colar o grau, estendi a bandeira de Israel e me prostrei diante de todos da plateia para adorar ao único digno de honra e louvor: o amado da minha alma, Jesus. Naquele momento falava ao Senhor: Eis-me aqui, rendida estou! É doido não é, mas é assim que o Pai faz, “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” (I Coríntios 1:27).

Agora estou diante de uma promessa do Senhor Jesus. Sei que há tempo pra tudo. Deus não quebra princípios, ele trabalha em processos. E eu tenho tentado estar em obediência ao seu trabalhar.  Apesar de ter formado a um ano, não voltei para casa, pois o Senhor me mandou ficar mais este período aqui em Vitória da Conquista, pois ele iria me preparar. 

Agora sinto que é tempo de seguir avançando. Eu faço parte de uma geração escolhida,  que está disposta a renunciar ao Eu, uma geração que tem se deleitado em sua presença, um lugar onde nada mais é importante. Eu faço parte da geração, que assim como Samuel, tem dito: “Fala, que o Tua serva ouve". Sei que Ele tem mais, tem muito mais para mim e através de mim.

By Thani